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Uma leve brisa carregando as canções dos bentivis no final da tarde. Um céu límpido e um ambiente calmo, como costuma ser quando estou perto da natureza.
Estava em cima da casa, admirando a beleza do horizonte, não fixando o olhar em nenhum ponto específico. Podia ver as montanhas imóveis e imponentes parecendo quase tocar as nuvens, o sol se punha aos poucos atrás delas, deixando o ambiente com uma luz amarela alaranjada.
Como era bom deixar aquela selva de concreto para trás, pelos menos, ter a ilusão de que poderia viver ali para sempre. É claro que era uma ilusão, daqui meia-hora, eu estaria na frente do computador ou da TV, já me era impossível viver longe da tecnologia. Porém, naquele momento, parecia que a vida poderia me dar muito mais do que eu usufruía, eu poderia ser bem mais do que era.
Me estiquei um pouco para a beirada da laje e pequei uma folha da laranjeira, cheirei-a, um cheiro inconfundível de infância, minha infância, que há tanto deixara para trás em prol de coisas que pareciam mais importantes.
Percebi que os últimos raios solares se despediam da paisagem, logo escureceria. Hora de voltar para dentro, hora de voltar para a "vida"